Sentou-se em frente ao espelho e passou as mãos pela pedra fria do tocador. Olhou cuidadosamente o próprio rosto e tentou ver o que todos viam. Sorriu várias vezes, observou minuciosamente o traço que lhe desenhava o nariz. Depois viu o todo e concentrou-se nele. A intensidade do seu olhar apagou as linhas e tornou as suas feições em sombras difusas. Suavemente, num movimento lento, lânguido, pegou no pincel e começou a pintar-se. Desenhou os traços que o mundo veria. A imagem tôrpe que reflectia a sua alma era um segredo só seu.
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